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A luta dos deuses


O Senhor disse a Moisés: Vá ao faraó, pois tornei obstinado o coração dele e o de seus conselheiros, a fim de realizar estes meus prodígios entre eles, para que você possa contar a seus filhos e netos como zombei dos egípcios e como realizei meus milagres entre eles. Assim vocês saberão que eu sou o Senhor. Êxodo 10:1-2 

Em um mundo oprimido, a evangelização deve chocar-se fundamentalmente com a idolatria e não com o ateísmo. (Paulo Richard) 

Por mais que se dê sentido a os eventos celebrados na Páscoa, até o maior deles que é a ressurreição de Cristo, nunca se pode perder a dimensão de que ela é uma celebração pela vitória de Deus em uma luta que se julgava irremediavelmente perdida. Não me refiro apenas à Páscoa celebrada no mundo cristão, mas também a Páscoa que marcou a nossa saída, como povo de Deus, da opressão egípcia. Dito deste modo pode parecer um embate simples, cuja previsibilidade da vitória do Deus de Israel sobre os inimigos era líquida e certa. Pode parecer que foi uma batalha desigual entre Deus e os egípcios ou entre Deus e Faraó, mas esta não foi uma questão tão simples assim. Não foi uma luta entre Deus e homens e sim uma luta entre o Deus libertador e os deuses da opressão. 

Essa proposta fica bem clara, nas dez pragas que recaíram sobre o Egito, como sinal de Deus para que Faraó deixasse o seu povo ir. Elas assinalam a vitória contra Hapi, o deus personificado pelas águas do Nilo. Contra Amonet, o deus sapo. Contra Apis e Serapis, deuses que se apresentavam sob a forma de touros. Contra Aton, o deus sol, e contra a maior representação de um deus na terra, Faraó e o seu primogênito. Logicamente que estes não eram deuses na realidade, mas justamente pelo fato de erem considerados deuses é que tinham maior poder. Não um poder divino, místico ou mesmo supersticioso, mas a exponenciação do poder do mal que pode ser levado a cabo nas ações humanas mais aterrorizadoras. Neste caso faz-se necessário que a ação de Deus contra essas forças se torne uma complexidade sem medida. Não pode haver nada mais maléfico nem mais perigoso do que a maldade humana travestida de vontade divina. Por isso, essa luta não se tratava simplesmente de se tirar uma forma de poder para se instaurar outra, como se diz popularmente: trocar o inimigo dos nossos amigos, pelo amigo dos nossos inimigos. Tratava-se sim de desmascarar de vez esse tipo de poder, revelando a todos a sua mais oculta face maligna e opressora. 

Quanto maior for o seu poder bélico, de maior ponta o seu conhecimento científico, e quanto mais inesgotável forem as suas riquezas, tanto maior será a capacidade de um povo de fabricar deuses e símbolos religiosos. O que soa como disparidade, pois a tendência de um maior conhecimento seria justamente levar o indivíduo a libertar-se dos amuletos, mandingas e superstições naturais das religiões primitivas. Mas acontece o contrário, oportuniza o aperfeiçoamento da escravidão, adaptando-a ao mundo moderno. 

A proposta da Páscoa é totalmente outra. Não é a simples troca de um tipo de escravidão por outro; de uma servidão por outra, de um deus por outro. Ela é libertação total e irrestrita do ser humano de todas as coisas que o escravizam. Ela é, inclusive, a liberdade para alguém crer ou não crer nisso. O mal já foi definitivamente derrotado na cruz, e não o será por um por um anjo do Apocalipse com uma espada flamejante, mas pelo amor de um cordeiro, que mudo e humilde se entregou em sacrifício, pagando o altíssimo preço que era exigido pela nossa liberdade. 

Celebrar a Páscoa é muito mais do que festejar a volta à vida de alguém que estava morto. É celebrar antecipadamente o jamais visto ou experimentado modo de vida, em que os deuses da opressão, sejam do Egito ou de Roma, embora ativos e presentes, estão com os dias contados, pois o juízo sobre eles foi decretado. Como nos ensinou a cantar Martinho Lutero: O príncipe do mal / Com seu plano infernal / Já condenado  está / Vencido cairá / Por uma só palavra.

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