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Não sou desse mundo

maio 05, 2024

Jesus continuou: Vocês são daqui debaixo, e eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo, mas eu não sou deste mundo. João 8:23 

Em uma meditação recente foi citada uma segunda ocasião em que Jesus disse que não era desse mundo. Desta feita, porém, correndo sério risco de morte. Sustentou sua palavra diante da maior autoridade política local, quando desdenhou a arrogância de Pilatos, dizendo: O meu Reino não é desse mundo. O que diz este bombástico testemunho para nós hoje, igreja do século XXI? O que significa não ser desse mundo? O que nos torna diferentes dos demais seres humanos, que, assim como nós, habitam o mesmíssimo mundo? 

Se repararmos que o contexto desenrola-se após a absolvição da adúltera, vamos verificar que o que Jesus fez foi acentuar o contraste entre luz e trevas; entre verdade e ilusão; entre vida e morte. Em suma: não foi para diferenciar os que são de esquerda dos que são de direita, mas os que são daqui debaixo e os que são lá de cima. O único argumento que ele apresenta como parâmetro para fundamentar essa divisão é ainda mais perturbador. Argumento esse que John Wesley interpretou em suas Notas Explanatórias do Novo Testamento, da seguinte forma: Aqui ele mostra diretamente de onde vinha, do céu, e para onde ele vai, ou seja, ele veio de cima e para cima irá voltar. Uma rápida olhada na interpretação de João Calvino vai nos dizer: De acordo com essas palavras, o mundo daqui debaixo inclui tudo o que os homens possuem naturalmente, e, assim, aponta a divergência que existe entre o seu Evangelho e as engenhosas maquinações da sagacidade da mente humana; para o Evangelho o que vale é a sabedoria celeste, contudo, a nossa mente insiste em ser subserviente à sabedoria do mundo

Embora a concepção de ambos não elucidarem muita coisa além do que costumeiramente intuímos, temos algo a considerar: quando dois teólogos reconhecidamente divergentes apontam o mesmo caminho, o assunto tratado é mais sério do que vãs divagações. Daí emerge uma pergunta: que atributos a vida cristã necessita apresentar para justificar esta acentuada diferença? 

Houve um tempo em que os evangélicos tradicionais se diferenciavam dos católicos romanos por uma série de prescrições negativas: não fumar, não beber, não jogar, não brincar carnaval. Algumas delas bem estapafúrdias, como não tomar sorvete aos domingos. Esses eram os parâmetros estabelecidos pelos evangélicos para não serem identificados com esse mundo. Mas isso causou uma divisão entre aqueles que iriam morar no céu católico e nós que iríamos gozar das benesses do céu protestante. Essa ainda é uma questão não elucidada, uma vez que a nossa leitura da Bíblia nos remete irremediavelmente à conquista da salvação. Essa é a nossa maneira de lermos a Bíblia: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas vá para o céu. Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, irá para o céu. Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra, desfrutará segurança e depois irá para o céu. 

O nosso problema é que não era exatamente desse céu que Jesus estava falando. Por conta dessa desinformação, as subdivisões de ambas as igrejas se multiplicaram exponencialmente. Hoje em dia, mesmo dentro do Vaticano, que é o centro do pensamento do catolicismo romano, podem ser encontradas divisões estanques que questionam dogmas ancestrais e até destituem Papas. Nem precisaríamos citar a miscelânea de tendências denominacionais em que as igrejas evangélicas se sub-sub-subdividiram. 

Mas o que Jesus estava querendo quando afirmou que aquelas pessoas eram daqui debaixo? Que elas não seriam salvas e, portanto, estariam condenadas pela sua ignorância? Mil vezes não, mas que os seus esforços e intenções estavam visando unicamente as questões deste mundo. Ser justo, lutar contra a fome, a degradação ambiental, escolher autoridades íntegras e imparciais, torna-nos melhores seres humanos. Estas são as lutas próprias deste mundo, das quais, como seres humanos, não podemos nos omitir. Porém, isso não nos torna discípulos de Jesus; isso não nos coloca na incansável busca do Reino de Deus. 

Como, então, encontrar o caminho para cima, ou seja, para o céu hao qual Jesus se refere neste nosso enorme cardápio de opções? Para não termos a pretensão de ser conclusivos, precisamos ter em mente um fator: onde grandes doutores como Calvino e Wesley foram reticentes, não temos porque sermos determinantes. Contudo, ainda nos resta a alternativa de meditar no que Jesus quis dizer quando chamou alguns de vocês e quem são os que classifica como nós neste texto. Para tanto, precisaríamos enxergar quais são as situações que nos colocam do lado do nós e as que nos fazem engrossar as fileiras do vocês. Paulo, em Romanos 8:29, diz que Deus nos predestinou para sermos a imagem do seu Filho. Ou seja, mais preponderante atributo daquele que é lá de cima é se esforçar para ser a imagem do filho daquele que é indiscutivelmente lá de cima. Uma imagem que ficou bastante clara nos evangelhos. O que significa ter a determinação de fazer exatamente aquilo o que Jesus fez quando desafiado pelas questões aqui debaixo, sem qualquer mudança ou variação: Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo. Quando vocês levantarem o Filho do homem, saberão que Eu Sou, e que nada faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai me ensinou. João 8:26-28

Não as castigarei por isso

abril 21, 2024

E assim as suas filhas viram prostitutas, e as suas noras cometem adultério. Mas nem por isso eu as castigarei; pois vocês, homens, têm encontros com prostitutas nos templos pagãos e vão com elas oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. E assim um povo sem juízo caminha rápido para a destruição! Oséias 4.13-14

 Chega a ser estarrecedor como ainda hoje, o incidente em que Jesus inocentou uma mulher flagrada em adultério, e condenou os seus acusadores, é recebido com ressalvas pelos cristãos, mesmo por aqueles que não possuem resquícios de fundamentalismo. Este texto, por ser inusitado, pode ser controverso, porém se torna efêmero diante da enorme quantidade textos, também bíblicos, que condenam o adultério sumariamente à morte. Ficamos com a impressão de que a atitude que Jesus tomou naquele dia foi um milagre que não tem a mínima chance de ser reprisado, assim como foi a multiplicação dos pães ou quando ele andou sobre as águas.

 Muito embora a nossa geração de cristãos tenha feito concessões em várias outras disposições da vida, disposições essas que há pouco tempo eram consideradas iníquas e inaceitáveis, tais como a dissolução do casamento ou aceitação de outras opções sexuais, além das eram consideradas normais. No entanto, os parâmetros que condenam o adultério, mormente o feminino, permanecem firmes e inabaláveis. O fato de se priorizar o adultério feminino, pelo que parece, aboliu definitivamente a palavra “adúltero” do nosso vocabulário. No nosso mundo de hoje não existem adúlteros, somente adúlteras.

 Muito se especula também sobre o que Jesus escreveu na areia naquela hora. Alguns entendem que era a relação de pecados dos que ali estavam. Os mais especulativos intuem que ele escreveu os nomes daqueles que já haviam adulterado com ela. Possivelmente estes seriam os mais exaltados, pois de alguma forma também se sentiam traídos por ela. Mas será que existe alguma remota possibilidade de que este episódio não fosse tão inédito na Bíblia, como estamos acostumados a pensar? Existe sim, e ele é tão elucidativo quanto desafiador.

 Na contramão de tudo o que fazemos hoje, Oséias, o profeta bíblico que mais conviveu com situações de adultério, fazia exatamente o contrário: inocentava as adúlteras e condenava os adúlteros. Oséias foi fundo nessa questão, para se certificar dos verdadeiros motivos que levavam as mulheres, não somente ao adultério, mas também à prostituição.  Invariavelmente ele encontrava esses motivos na falta de discernimento da situação vigente e no prazer mundano que encontraram na prática da idolatria. Privilégio legado principalmente aos homens que detinham a influência do poder político e religioso.

 Esta profecia veio para inverter todo o contexto. De repente Jesus não fez outra coisa, senão dar novamente vida à profecia preestabelecida de Oseias. Profecia que estava covenientemente sepultada. Jesus evoca uma regra de conduta que suplantava todas as disposições em contrário. Com a sua meia dúzia de palavras, Jesus faz com que o dedo do acusador se volte inexoravelmente contra ele.

 Jesus enxergou o que havia por trás da consumação do adultério. A ausência de um amor que nunca foi encontrado no seu marido, e que provavelmente também não seria encontrado no amante. Viu as decepções de uma adolescente esperançosa, que deixou a casa de seus pais, onde gozava de carinho e consideração, para ser jogada contra vontade, em um mar de obrigações e desprezos. Jesus viu ainda mais além: ele viu o coração faccioso de homens que caminhavam a passos largos para a sua destruição, para a qual não teriam qualquer rota de fuga. Sem se dar conta das consequências nefastas das suas vidas de iniquidades, regozijavam-se em condenar à pena máxima uma mulher que, nas suas leis, não encontraria qualquer possibilidade de defesa.

 Entenderíamos melhor esta insolência de Jesus contra os poderes vigentes, se lêssemos o que disse o profeta Oséias numa linguagem mais adaptada para os dias de hoje. Com alguma sensibilidade o leríamos assim:

 O vinho e whisky deixaram o meu povo em um estado de estupor. Eles buscam resposta em uma árvore morta e socorro em um ídolo de pedra. Esperam soluções de um copo d’água em cima de uma TV. Bêbados após o sexo, eles mal conseguem encontrar o caminho de casa. Eles os adoram nos topos das montanhas, e lá fazem saraus, na ilusão de que praticam a verdadeira religião. Sob os carvalhos, eles se refastelam, dormem e relaxam. Antes que percebam, suas filhas se tornam prostitutas, seus filhos pervertidos e as esposas de seus filhos estão dormindo com estranhos. Mas eu não estou indo atrás das suas filhas que se prostituíram, nem das suas esposas que adulteraram. Estou indo atrás vocês, homens, que se prostituem com todo tipo de engodo, e depois vêm à minha casa para me adorar, profanando o meu santo Nome.

Simples sinais: Jesus e a política

abril 14, 2024

Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Lucas 24:30-31 

Dias antes desse inusitado acontecimento, em Lucas 16:8, temos a narrativa de Jesus afirmando aos seus discípulos que os filhos das trevas são mais astutos que os filhos da luz. Talvez hoje Jesus fosse politicamente correto não chamando-os de astutos, mas sim de pessoas mais adaptadas às circunstâncias da vida ou, quem sabe, mais atentos e que melhor elucidam os sinais dos tempos. E não há na história da igreja uma geração que mais tenha se empenhado em tornar fato concreto

esta profecia do Divino Mestre. Não temos motivo algum para crer que tenha existido um ajuntamento de seguidores do evangelho que tão erradamente interpreta o mundo e os acontecimentos à sua volta quanto a presente geração. O pensador Rich Smith sintetiza esta questão dizendo o seguinte: Os cristãos veem o Diabo em tudo, seja na Coca Cola, Maionese, Revistas, Jogos de vídeo game, etc. Só não conseguem ver o Diabo em falsos profetas pregando heresias dentro das igrejas! 

O pior de tudo isso é ter que aceitar passivamente o conceito de que a igreja precisa se ajustar a tais evidências, contrariando assim, os pequenos e singelos sinais que não permitiram que os cristãos do passado se curvassem às circunstâncias, por mais espetaculares que elas pudessem parecer. Um dos inquestionáveis exemplos é o nosso texto bíblico de hoje, que narra o diálogo de Jesus com os caminhantes de Emaús. Tudo dava a entender que aqueles dois só prestaram atenção às promessas de Jesus que lhes interessavam mais diretamente. A restauração do estado independente de Israel, que estava sob o domínio romano, era mais urgente e importante do que os sinais de um novo tempo que Jesus apontou nas Escrituras. Ambos estavam tristes porque todas as evidências indicavam uma derrota fragorosa do Reino que ele veio anunciar. Porém, tudo mudou quando Jesus, com um simples gesto, partiu o pão. Isso, de imediato, os fez enxergar a incomensurabilidade do poder de Deus desbaratando de vez as tais evidências que se mostravam contrárias. 

No que diz respeito à segunda vinda de Cristo, também existe todo um corolário de besteiras que vem se aperfeiçoando pela análise equivocada de sinais considerados evidentes. Investindo contra todo ensinamento bíblico, insistimos em considerar catástrofes e conflitos do nosso cotidiano, como bênçãos que anunciam que a volta de Jesus e a instalação definitiva do seu reino de glória está prestes. Mas nunca enxergamos as oportunidades claras que a Palavra de Deus nos prove para transformar esta realidade. 

Não sabemos ao certo a quantidade de cabeças as nossas bestas apocalíptica têm. Mas ao que parece, a besta que emerge da política nacional, esteja ela de que lado estiver, encontrou mais militantes fiéis dispostos a morrer por ela no meio evangélico, do que em qualquer outro segmento da sociedade. Para dizer a verdade, nunca vi tantos pastores envolvidos em adversidades e conflitos, com quando se declaram ser de Lula ou de Bolsonaro. Nem mesmo o tsunami da Ásia ou todos os desmoronamentos de enchentes no Brasil juntos conseguiram submergir tantos crentes em suas águas avassaladoras. 

Se tem uma coisa errada, e que não está certa, é a nossa maneira de ser cristão hoje, é a nossa visão de mundo. Jesus foi objetivo em dizer que seu reino não era desse mundo. Está certo. Mas ele também deixou bem claro a Pilatos, quem é aquele que está no controle desse mundo. Quando Pilatos lhe disse que tinha autoridade para soltá-lo, Jesus imediatamente o contestou: O senhor só tem autoridade sobre mim porque ela lhe foi dada por meu Pai. João 19:11 Se existe alguém que pode nos livrar desse mar de lama, esse alguém não está em Brasília, no Twitter, no Facebook ou no raio que o parta. Antes que Jesus desapareça, precisamos urgentemente descobrir que a verdade sobre este nosso mundo e sobre os rumos que deve tomar, só pode ser encontrada nos pequenos sinais que foram escritos com sangue na cruz e nas páginas da boa e velha Bíblia. E que podem ser invocados na mais singela e sincera oração. Sinais simples assim.

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