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Não as castigarei por isso


E assim as suas filhas viram prostitutas, e as suas noras cometem adultério. Mas nem por isso eu as castigarei; pois vocês, homens, têm encontros com prostitutas nos templos pagãos e vão com elas oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. E assim um povo sem juízo caminha rápido para a destruição! Oséias 4.13-14

 Chega a ser estarrecedor como ainda hoje, o incidente em que Jesus inocentou uma mulher flagrada em adultério, e condenou os seus acusadores, é recebido com ressalvas pelos cristãos, mesmo por aqueles que não possuem resquícios de fundamentalismo. Este texto, por ser inusitado, pode ser controverso, porém se torna efêmero diante da enorme quantidade textos, também bíblicos, que condenam o adultério sumariamente à morte. Ficamos com a impressão de que a atitude que Jesus tomou naquele dia foi um milagre que não tem a mínima chance de ser reprisado, assim como foi a multiplicação dos pães ou quando ele andou sobre as águas.

 Muito embora a nossa geração de cristãos tenha feito concessões em várias outras disposições da vida, disposições essas que há pouco tempo eram consideradas iníquas e inaceitáveis, tais como a dissolução do casamento ou aceitação de outras opções sexuais, além das eram consideradas normais. No entanto, os parâmetros que condenam o adultério, mormente o feminino, permanecem firmes e inabaláveis. O fato de se priorizar o adultério feminino, pelo que parece, aboliu definitivamente a palavra “adúltero” do nosso vocabulário. No nosso mundo de hoje não existem adúlteros, somente adúlteras.

 Muito se especula também sobre o que Jesus escreveu na areia naquela hora. Alguns entendem que era a relação de pecados dos que ali estavam. Os mais especulativos intuem que ele escreveu os nomes daqueles que já haviam adulterado com ela. Possivelmente estes seriam os mais exaltados, pois de alguma forma também se sentiam traídos por ela. Mas será que existe alguma remota possibilidade de que este episódio não fosse tão inédito na Bíblia, como estamos acostumados a pensar? Existe sim, e ele é tão elucidativo quanto desafiador.

 Na contramão de tudo o que fazemos hoje, Oséias, o profeta bíblico que mais conviveu com situações de adultério, fazia exatamente o contrário: inocentava as adúlteras e condenava os adúlteros. Oséias foi fundo nessa questão, para se certificar dos verdadeiros motivos que levavam as mulheres, não somente ao adultério, mas também à prostituição.  Invariavelmente ele encontrava esses motivos na falta de discernimento da situação vigente e no prazer mundano que encontraram na prática da idolatria. Privilégio legado principalmente aos homens que detinham a influência do poder político e religioso.

 Esta profecia veio para inverter todo o contexto. De repente Jesus não fez outra coisa, senão dar novamente vida à profecia preestabelecida de Oseias. Profecia que estava covenientemente sepultada. Jesus evoca uma regra de conduta que suplantava todas as disposições em contrário. Com a sua meia dúzia de palavras, Jesus faz com que o dedo do acusador se volte inexoravelmente contra ele.

 Jesus enxergou o que havia por trás da consumação do adultério. A ausência de um amor que nunca foi encontrado no seu marido, e que provavelmente também não seria encontrado no amante. Viu as decepções de uma adolescente esperançosa, que deixou a casa de seus pais, onde gozava de carinho e consideração, para ser jogada contra vontade, em um mar de obrigações e desprezos. Jesus viu ainda mais além: ele viu o coração faccioso de homens que caminhavam a passos largos para a sua destruição, para a qual não teriam qualquer rota de fuga. Sem se dar conta das consequências nefastas das suas vidas de iniquidades, regozijavam-se em condenar à pena máxima uma mulher que, nas suas leis, não encontraria qualquer possibilidade de defesa.

 Entenderíamos melhor esta insolência de Jesus contra os poderes vigentes, se lêssemos o que disse o profeta Oséias numa linguagem mais adaptada para os dias de hoje. Com alguma sensibilidade o leríamos assim:

 O vinho e whisky deixaram o meu povo em um estado de estupor. Eles buscam resposta em uma árvore morta e socorro em um ídolo de pedra. Esperam soluções de um copo d’água em cima de uma TV. Bêbados após o sexo, eles mal conseguem encontrar o caminho de casa. Eles os adoram nos topos das montanhas, e lá fazem saraus, na ilusão de que praticam a verdadeira religião. Sob os carvalhos, eles se refastelam, dormem e relaxam. Antes que percebam, suas filhas se tornam prostitutas, seus filhos pervertidos e as esposas de seus filhos estão dormindo com estranhos. Mas eu não estou indo atrás das suas filhas que se prostituíram, nem das suas esposas que adulteraram. Estou indo atrás vocês, homens, que se prostituem com todo tipo de engodo, e depois vêm à minha casa para me adorar, profanando o meu santo Nome.

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