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Nem sempre é o que parece

Marcos 2:25-28 

O grande escritor brasileiro, Machado de Assis, há muito contrariava o ditado popular que hoje é tido como autêntico por conta dos muitos escândalos políticos e financeiros que estão sempre em evidência, quando afirmou: A ocasião não faz o ladrão, propicia o roubo. O ladrão já nasce feito. Nenhuma outra doutrina corrobora o escritor mais do que o pensamento cristão, que assegura que não é a ocasião que faz o pecador, pois já nascemos pecadores. A ocasião pode propiciar a nossa vitória contra o pecado Por mais lógico que possa parecer, isso ainda não explica a realidade do evangelho diante das circunstâncias da vida, pois aquele é um preceito do direito legal e o evangelho não se pauta por leis ordinárias, por mais consensuais que sejam, mas pela lei do amor.

O episódio em que Jesus confronta o rigor da instiuição do sábado, foi ilustrado um diálogo com ânimos alterados que ele manteve com os escribas e fariseus. Qualquer um de nós intuiria que os homens de Davi ao comerem, sem permissão, os pães da propiciação, estariam, da mesma forma, incorrendo no crime de colher espigas de milho da plantação de outra pessoa. Com a visão atualizada dos fatos, diríamos que eles saquearam o supermercado local porque estavam com fome, e isso não é atenuante para tal crime, conforme previsto na lei. Sob todos os aspectos, o consenso nos faria concluir também que eles cometeram pecado contra o oitavo Mandamento, que diz fria e literalmente: Não furtarás.

Na realidade, Jesus evoca um fato de extrema gravidade para confrontar uma atitude, que embora fosse relevante, constituía-se em uma falta muito menos grave, daquela que lhe estava sendo proposta por ilustres cidadãos de Israel: Os seus discípulos não jejuam? Em outra ocasião, o gerador da contenda era um fato menos relevante ainda: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos, quando comem. Mateus 15:2  Na tradição contemporânea equivaleria perguntar: Você não faz oração antes de comer?

Penso que podemos resumir tudo isso em uma denúncia feita por Jesus a esse tipo de pessoa que costuma cobrar essas coisas: Vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo. Mateus 23:24 E eu imagino que ele tenha dito isso para denunciar várias situações, tais como: O excessivo zelo pela tradição que não leva em conta cultura, economia, região e muito menos circunstâncias. Pessoas que na incapacidade de realizar a vontade de Deus, tentam, a todo custo, fazer com que se priorizem os valores humanos acima dela. Não levam em conta a relevância dos fatores externos sobre atitudes sinceras que muitas vezes são as únicas possíveis naquele momento. 

A supervalorização de determinados atalhos que, na ânsia de obtenção de resultados imediatos, traçamos sem nos precavermos conta os efeitos colaterais. A necessidade de autoafirmação que faz com que minimizemos os argumentos dos outros lançando mão de recursos irrelevantes ou mesmo com injúrias. Não sei quanto a vocês, mas eu me vejo por inteiro em todos esses itens e em mais alguns que não foram aqui mencionados. Na realidade, eu sou mesmo essa pessoa que os versos do poeta supracitado revelaram tão detalhadamente:

Para que queres tu mais alguns instantes de vida?
Para devorares e seres devorado depois?
Não estás farto do espetáculo e da luta?
Conheces de sobejo tudo o que eu te dei
de menos torpe ou menos aflitivo: o alvo do dia,
a melancolia da tarde, a quietação da noite,
os aspectos da terra, o sono, enfim,
o maior benefício de minhas mãos.
Que mais queres tu, sublime idiota?

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