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Aquecimento e salvação



Não deveria existir um povo que ficasse mais feliz ao ouvir estas palavras do que o Povo Chamado Metodista. Não é de hoje que elas estão associadas à nossa herança de fé. Wesley, em uma de suas experiências espirituais disse que justamente na hora em que se sentiu perdoado, e consequentemente alcançado a salvação, sentiu seu coração estranhamente aquecido.  Aquecimento e salvação para ele estavam harmonicamente ligados. Mas a relação que se faz hoje com a palavra aquecimento é justamente oposta ao Plano de Salvação de Deus experimentado por Wesley, pelo menos é a maneira como a maioria de nós entende hoje. 

Não estaria trazendo novidade alguma se dissesse que muitas das manifestações do Espírito de Deus em nossas igrejas estão sendo processadas mais externamente, visivelmente à flor da pele. Êxtases, calafrios, pelos eriçados e suores extemporâneos têm sido uma marca constante nas muitas pessoas que frequentam as nossas reuniões de culto. Não digo que estas sejam as únicas experiências, mas são as que mais estão presentes nos testemunhos desta natureza. Mas que relação o aquecimento global, redução da camada de ozônio, aumento de CO2 ou mudanças climáticas têm a ver com a nossa fé? Quase tudo, pois quase tudo passa pela superestimada capacidade humana que nutre a ilusão de que pode, independentemente da vontade e do Plano de Salvação de Deus, determinar o seu destino, quer seja na terra, quer seja no céu. 

Invariavelmente todas as teorias fatalistas a que estamos sendo expostos no dia-a-dia têm levado em conta a hipótese de que a humanidade alcançou um grau de civilização tão elevado, que cada vez mais aproxima o poder de homem ao poder de Deus, no sentido em que toma em suas mãos o gerenciamento do seu próprio futuro, mas que afasta esse mesmo Deus à medida passa a dar cada vez menos crédito à sua providência. Isso está muito claro. O homem está a um passo de criar a vida, pelo menos é o que a ciência evolucionista tem alegado abertamente. Já conseguiu modificar a natureza de quase todos os vegetais que nos servem de alimento ou de medicamento. Transtornou a genética dos animais que lhes são mais próximos. Porcos, bois, cães, gatos, cavalos não representam mais as suas naturezas. Designam o ser humano como o principal responsável pelas tais mudanças climáticas, acima até mesmo das frequentes atividades solares que estão nos atingindo com a sua intensidade máxima. Penso que não precisamos de mais argumentos para atestar que o homem do século XXI tornou-se um ser quase absoluto. 

Saiu na imprensa que o ano de 2023 foi o mais quente da História. Não sei o que estão chamando de História, uma vez que a invenção do termômetro não é anterior ao século XVIII. Ou melhor, há pouco mais de duzentos anos. Em um planeta que dizem ter quatro bilhões e meio de anos, melhor seria dizer então, que foi o ano de maior temperatura registrada na História bem recente. O que também seria um absurdo, uma vez que na vastidão do nosso planeta as temperaturas podem variar de -89 a +59 graus centígrados. Assim teríamos que refazer a manchete, dizendo que foi a maior temperatura registrada na casa do jornalista. Parece piada, mas é coisa séria, o falso alarmismo não para por aí. Quando constamos que a Paleontologia tem registros de que o percentual de dióxido de carbono na atmosfera já foi quatro vezes superior ao que temos hoje, assim como a temperatura ambiente bem mais elevada em épocas anteriores ao que chamamos de História. A Teoria da Evolução não leva em conta de que qualquer mudança na anatomia dos animais é sempre deletéria. Pode até favorecer algumas características, mas prejudica outras em uma escala exponencial. Dos animais antes idôneos e habilitados, temos hoje criaturas dependentes e patológicas.  Como diz o Dr. Marcos Eberlim, a evolução espera que você não conheça Química, pois as reações que apresentam não são somente improváveis, mas impossíveis. Os convenientes alarmistas encaçaparam sem piedade as leis da Termodinâmica, da Biogênesis, da Química e da Física numa tacada só. Criamos leis para a salvação de um planeta cujo aquecimento não tem participação alguma do homem. Seria melhor seguir a sugestão de Franz Kafka: Na luta do homem contra o mundo, aposte no mundo

E daí? Como essas ideias tão carregadas de suspeitas e contestações podem se reproduzir dentro das nossas igrejas? Segundo a máxima da “tia solteirona”, aquela que tinha sempre uma simpatia ou um remedinho caseiro que servia para sanar todo o tipo de mal, que assim dizia: se não fizer bem, mal não fará! Na igreja fez um mal que está se mostrando irreparável, pois pensando desse modo que as inovações esdrúxulas e as práticas explicitamente pagãs travestidas de adoração infestaram as igrejas porque alguém achou que eram inocentes e aceitáveis. Foi achando que cada um pode servir e cultuar a Deus à sua maneira que a solenidade, a reverência, a introspecção, o arrependimento e até o perdão de pecados foram banidos definitivamente da nossa liturgia. 

Como foi exatamente que isso aconteceu? Algumas ideias me ocorrem, mas acredito que haja muitas outras. Uma delas é a prepotência de alguns cristãos que imaginam serem os protagonistas do final dos tempos. Que pela hipótese de ser a última geração que vive os últimos dias, podem manipular e até mesmo agendar acontecimentos que são da competência exclusiva de Deus por meio de suas estranhas manifestações de louvor, cuja finalidade precípua é a bajulação desmedida para garantir a sua salvação. Só se canta o quanto Deus é grande e o quanto ele pode fazer, mas aceitar a submissão a esse poder é coisa que passa longe das letras nessas melodias, como também é infeliz a ideia de que podemos suborná-lo com dízimos e ofertas. Muitos pensam que o dinheiro será dado diretamente a Deus, por isso fazem questão absoluta de entregá-lo nas mãos daqueles que se dizem ser os seus intermediários imediatos. Passa também pelo absurdo de supor que podemos comprar a salvação por meio da retidão própria, de obras convenientes e adoração escandalosa. 

Não é somente o gado e o cão que não são mais como antigamente. O aquecimento e a salvação, que foram fundamentais na missão transformadora de John Wesley e no futuro imediato da Inglaterra, ao que parece, se converteram em uma ordem inversa na igreja de hoje. Primeiramente se pula, se grita, se roda e se cai, para depois então experimentar o aquecimento. Em resumo, um aquecimento sem participação alguma de Deus. Jesus disse: Eu vim para pôr fogo na terra e como eu gostaria que ele já estivesse aceso!  (Lucas 12:49) Mas cuidado, esse não é o único fogo que há na terra. Existe muito fogo estranho sendo acendido por aí. Quando no passado esse fogo estranho chegou ao limite suportado por Deus, Nadab e Abiú pagaram a conta com a própria vida. Tudo está indicando que seria melhor que a igreja apostasse em Deus, e não no homem.

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