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O quem é quem do evangelho

Daniel 3  

Não faz muito tempo, um crente fiel era conhecido na igreja pelo título de servo de Deus. Alguns falando de si davam-se adjetivos, tais como humildes servos de Deus. Adjetivo esse que era a própria negação da sua humildade, pois o simples fato de se enxergar como servo de Deus, no meu modo de ver, já denota a sua prepotência, posto que, nas Escrituras, servo de Deus não é quem assim se reconhece, mas quem o próprio Deus escolhe. Ainda que essa minha proposição nunca tenha sido levada em conta pelos meus contemporâneos, ela foi de vez execrada na composição gospel que diz: Não sou apenas servo. A não ser que eu tenha entendido errado, o humilde servo de Deus definitivamente perdeu o seu lugar na composição dos títulos honoríficos nas atuais comunidades cristãs. O antigo servo de Deus passou agora a ser conhecido pelo título de adorador, contudo, sem trazer do passado a caracterização da humildade, uma vez que a música propõe que o adorador passa ser não apenas um servo, mas algo mais.

 Por falar em adorador, não me lembro de na minha juventude ter ouvido esta palavra citada em um sermão, em uma aula na Escola Dominical ou mesmo em uma oração comunitária. Mas não é bem daí que vem a minha estranheza. Isso aconteceu mais persistentemente quando me detive a ler as entrelinhas do capítulo três do livro do profeta Daniel. Ali verifiquei que o verbo adorar e seus derivados estão contidos no texto da fornalha ardente onze vezes, mas pelo menos dez dessas vezes na boca dos pagãos e todas as dez indicando o seu sentido afirmativo. Contudo, o verbo adorar é encontrado apenas uma vez na boca dos três amigos de Daniel, porém indicando uma ordem negativa. Para ser fiel ao texto, devemos ressaltar que Sadraque, Mesaque e Abednego, quando se referiram ao seu relacionamento com o Deus de Israel, não o condicionaram a adoração dos deuses pagãos, que era proposta por Nabucodonosor, mas ao serviço: O Deus a quem servimos. Será que sou eu que estou enxergando coisas ou existe mesmo algo de revelador nesta passagem? Seria plausível pensar que no seu plano de salvação o Deus de Israel se valesse mais de servos do que propriamente de adoradores? Não seria a figura central das profecias do Antigo Testamento dado à figura do servo sofredor em lugar do fiel adorador?

 Não é esta a única passagem em que a proposta de adoração está na contramão da mensagem bíblica. Na tentação de Jesus no deserto ela citada antes pelo Diabo, assim como no diálogo à beira do poço de Jacó está primeiramente na boca da mulher samaritana. Até mesmo o primeiro mandamento que exigia a adoração foi substituído mais tarde pelo mandamento do amor. O “Ao Senhor Deus adorarás” foi substituído por “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento. E foi a esse que Jesus deu o nome de “o grande mandamento”.

 Toda essa argumentação cairia no vazio, caso os atuais adoradores assumissem de fato os encargos que tinham na igreja os antigos servos de Deus. Pessoas de conduta ilibada, reconhecidamente crentes, exaltados pela igreja pela sua extensa folha de serviços e não por seus dotes musicais. Seus nomes seriam citados raras vezes no púlpito, na maioria das orações estariam de joelhos, entoariam clamores por perdão e não por bençãos e depois de terem feito tudo o que deveriam fazer, enxergavam a si mesmos como servos inúteis. Algo bem diferente acontece hoje. Os adoradores constituem a nata da classe social evangélica. Não são poucos os que cobram os seus serviços de adoração.

 Infelizmente no quem é quem do evangelho a valorização do serviço tomou um rumo diferente do que foi proposto por Jesus Cristo. Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente. Marcos 10:42-45. Assim também pensava Charles Spurgeon, quando disse: Não somos o caramelo, somos o sal da terra, algo que o mundo tem vontade de cuspir e não de engolir.

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